08 jul 2017

E se 10 anos de vida fosse igual a 1 hora de trabalho?

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Fazendo uma analogia barata e cheia de imperfeições, já pensou se cada 10 anos de vida fosse equivalente a 1 hora da jornada diária de trabalho? É… acabei de chegar na metade do meu dia: 40 anos de vida… meia jornada já cumprida!

Comecei cedo. Acho até que rendi bem. Muito do que eu tinha pra fazer hoje já está com um “ok” na agenda. Hora de uma pausa.

Na pausa, consigo ler alguma coisa, ver o que está acontecendo no mundo a minha volta. E como aconteceu coisas essa manhã! Quanta gente, quantos picos de felicidade, quanta angústia, quanta coisa boa, outras tantas ruins, quantos e quantos. Não sei exatamente se passei por tudo isso ou se tudo isso passou por mim, se sub ou hiper aproveitei minha manhã… fato é que meia jornada já foi.

Fiz o que achei que deveria ter feito, mas a pausa me faz refletir para além da agenda, no que eu não deveria ter feito e fiz; e no que deveria ter feito e não fiz. Enfim, já foi. Nem se o Chefe quiser eu consigo mudar o passado. Mas Ele já me tranquilizou dizendo: “bola pra frente que a tarde vem aí… e vê se tenta não errar tanto, hein?!”, algo no estilo “vá… e não peques mais”. Esse meu Chefe é “O Cara”! Antes mesmo de eu começar a trabalhar tudo já estava pago, “consumado” como Ele disse na última vez que passou por aqui.

Melancólica pausa! É impossível não pensar que nessa louca jornada é provável que, à partir de agora, eu tenha mais passado do que futuro (salvo possibilidade de horas extras, algo que só depende do Chefe, e que, caso haja, fisiologicamente é natural que eu já esteja bem cansado!). Se eu cumprir as 4 horas que me restam, já estou acima da média do IBGE, só alegria! É claro que, como alguém que tem algum juízo e absoluta certeza da falta de estabilidade, à partir de agora prometo cuidar melhor do meu emprego. Pelo menos até o final da jornada quero tentar cumprir meu papel por aqui, espero que o Chefe me veja como útil até lá.

Mas e agora? O que farei da minha tarde? Quem sabe, com um pouco de sorte, eu consiga virar minha mesa pra janela e saborear mais o sol, o vento, as pessoas, e até o trânsito, o fluxo e o amadurecimento natural das coisas.

Além de tentar manter mais a porta da minha sala aberta, tentarei também frequentar mais as salas dos meus familiares, amigos e colegas, partícipes em tudo dessa mágica jornada, tanto das flores, como dos espinhos. Mas sem a neurose da manhã, sem ter tudo isso como fardo e sempre respeitando a agenda e a limitação de cada um deles… e sobretudo as minhas.

Sinceramente… gosto de trabalhar aqui. Não sofro nenhum pouco com o fim da jornada, confesso minha fé no Chefe. Mas de tanto gostar, penso em colocar, no futuro, meus filhos aqui dentro. Acho que eles merecem essa oportunidade. Se o Chefe quiser, essa é minha vontade também. Quem sabe rola até um happy hour com todos nós juntos depois da jornada na casa do Patrão?! Tomara que sim.

Fantástica pausa! Nem manhã, nem tarde. Nem começo, nem fim. Saudades e sonhos. Nostalgias e projetos. Selecionar desafios e prioridades ganhou importância. Economizar energia era um erro, agora é uma obrigação. A necessidade do equilíbrio em tudo salta aos olhos. A maturidade sugere. O organismo pede. A humildade forçosamente vai tomando o lugar da vaidade. A roupa já não está tão limpa e passada; e o perfume da manhã sucumbiu em partes ao suor do trabalho, e já não exala o mesmo aroma.

4 horas de uma jornada… 40 anos de uma vida. Dizem que a vida começa agora… acho que não. E que bom que não! Apesar das dificuldades da manhã, foi bem legal, não posso desprezar isso. Mas imaginar que o whiscky de muitos anos é o melhor, isso me apetece!

Vou almoçar agora, afinal, o tempo não para e a tarde não tarda. Até mais, minha gente! Obrigado pelo rango, Chefe!

#Mendanha40

Autor: Marcos Henrique Mendanha: Médico do Trabalho, Especialista em Medicina Legal e Perícias Médicas. Advogado especialista em Direito e Processo do Trabalho pela UNIDERP. Perito Judicial / Assistente Técnico junto ao TRT-GO e TRF-GO. Diretor Técnico da ASMETRO – Assessoria em Segurança e Medicina do Trabalho Ltda. Autor do livro “Medicina do Trabalho e Perícias Médicas – Aspectos Práticos e Polêmicos” (Editora LTr). Colunista da Revista PROTEÇÃO. Editor do “Reflexões do Mendanha”, no site www.saudeocupacional.org. Coordenador do Congresso Brasileiro de Medicina do Trabalho e Perícias Médicas (realização anual). Coordenador Geral do CENBRAP – Centro Brasileiro de Pós-Graduações.

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