26 dez 2017

Gestão integrada de segurança, saúde e bem-estar – Cabeça de bacalhau

postado em: Coluna do Edu

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Definimos internamente em nossa consultoria a Gestão Integrada como “um caminho claro para ações efetivas de promoção da segurança e da saúde, além da prevenção de doenças e acidentes, visando o bem-estar físico e psicossocial dos trabalhadores, a continuidade operacional e o aumento da produtividade.

Nem sempre este objetivo é claro a toda a organização. Ainda trabalhamos em “caixas” e, em alguns casos, em verdadeiros “silos”. As informações existem, estão organizadas e são consistentes, porém estão “soltas” na empresa. Difícil de vê-las integradas: como cabeça de bacalhau.

Integrar significa “reunir partes ou elementos e combiná-los em um todo”. Sem a integração, esforços são duplicados desnecessariamente e enormes lacunas são criadas, mantidas e ampliadas.

Transformações em três grandes áreas

Vivemos transformações no ambiente de trabalho. Evoluímos muito nas questões de segurança e saúde no trabalho, entretanto passamos por uma profunda transição em três grandes áreas: epidemiológica, populacional e tecnológica.

A segurança, a saúde e o bem-estar nas organizações necessitam ficar atentas.

Transição epidemiológica

A transição epidemiológica transformou as Doenças Crônicas Não Transmissíveis, como o diabetes, a hipertensão e o câncer nas principais causas de morte. Encontrar nas empresas trabalhadores com múltiplos fatores de risco para estas doenças é extremamente comum. Com impactos atuais e futuros nos custos com a saúde como veremos a seguir. O que mais adoece e morre os trabalhadores de sua organização? Câncer e doenças cardiovasculares ou acidentes e doenças profissionais?

Transição populacional

A transição demográfica fará, em curto prazo, do Brasil um país com uma grande população de idosos devido às melhorias nas condições de vida, a redução das taxas de fecundidade e a redução das taxas de mortalidade associada a maior expectativa de vida. Como está sendo preparado o ambiente físico e organizacional do de trabalho para atendimento a esta população? E o periódico? Aumentarão os custos com saúde?

Transição tecnológica

Por fim, a transição tecnológica, principalmente na área da saúde onde novos procedimentos e medicamentos surgem a cada dia. Evoluímos, infelizmente para uma produção e consumo acrítico de novas tecnologias médicas, a mudança do caráter educativo das ações em saúde para caráter tecnológico. Cada vez mais High Tech e Low Touch!

Afastamentos e acidentes de trabalho

Ainda temos como principais causas de afastamentos previdenciários os acidentes seguidos das doenças osteomusculares. O que chama atenção é a terceira causa: transtornos mentais e comportamentais. Ações para prevenção e mitigação dos fatores de riscos psicossociais merecerão especial atenção das empresas, governo e sociedade.

Outro ponto importante é o custo exorbitante, continuamente crescente e cada vez mais insustentável da sinistralidade nas empresas. O custo direto com consultas, exames, cirurgias, medicamentos e internações tem aumento acima da inflação. Esta conta não fechará sem ações consistentes das empresas. Este não é um problema isolado da área de benefícios, e sim, de todas as áreas da empresa, da liderança ao “chão de fábrica”.

Por fim os enormes custos diretos e indiretos do absenteísmo e do presenteísmo. Este último ainda pouco diagnosticado, avaliado e conduzidos nas empresas. Os impactos na redução da produtividade, engajamento, qualidade dos produtos e serviços, satisfação do cliente e imagem corporativa deverão ser foco de atenção.

Não há outro caminho que não seja o investimento planejado e efetivo na promoção da segurança, da saúde e do bem-estar, além da prevenção de doenças e acidentes. Poucas organizações empresariais estão atentas a investem aqui. A preocupação existe, a ação não. As empresas precisam estar preparadas para estes cenários/contextos.

Invista em bem-estar!

Autor (a): Dr. Eduardo Arantes – Médico com especialização em Medicina do Trabalho pela Universidade São Francisco de São Paulo, Ergonomia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e em Gestão de Saúde pela FGV. Autor dos livros: O Retorno Financeiro de Programas de Promoção da Segurança, Saúde e Qualidade de Vida nas Empresas, Ciências da Vida Humana e o recém-lançado Crônicas de Saúde, Ciência e Cotidiano. Atualmente é Diretor Técnico na Beecorp – Bem Estar Corporativo.

O Dr. Eduardo Arantes escreve mensalmente para o SaudeOcupacional.org, na “Coluna do Edu”.

Obs.: esse texto traduz a opinião pessoal do colunista Eduardo Arantes, não sendo uma opinião institucional do SaudeOcupacional.org.

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