14 jun 2017

A batalha da produtividade

postado em: Coluna do Edu

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“Há uma única regra para um industrial: faça produtos com a melhor qualidade possível, ao menor custo, pagando os salários mais altos que puder”, disse Henry Ford. Essa frase inicia uma reportagem publicada na revista Exame segundo a qual o trabalhador brasileiro gera perto de US$ 22 mil por ano de riqueza. O trabalhador norte-americano gera US$ 100 mil, ou seja, produz quase cinco vezes mais do que um brasileiro. Para realizar o mesmo trabalho que um norte-americano realiza, seriam necessários cinco brasileiros. Parece até aquela piada: quantos portugueses – nesse caso, brasileiros – são necessários para trocar uma lâmpada? Por que há essa grande diferença?

Os Estados Unidos e outros países industrializados investem há muito tempo em educação, infraestrutura, inovação e no fortalecimento de suas instituições. Sim, é a inovação mais uma vez! A inovação é considerada o principal combustível do aumento da produtividade. O Brasil é um dos países que ofereceu a menor competitividade às suas empresas em 2014. No ranking de 2014-2015 do Fórum Econômico Mundial que avalia a competitividade global, o Brasil ocupou a 57ª posição entre 144 países – uma queda de onze posições em relação a 2013. O Brasil também ficou na penúltima posição no ranking de patentes válidas, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual da Organização das Nações Unidas (Ompi-ONU), com 41.453 patentes. No mesmo período, os Estados Unidos registraram 2,2 milhões e o Japão, 1,6 milhões. O Brasil precisa de uma reestruturação produtiva com mais privatizações, novos padrões de gerenciamento, novas tecnologias e flexibilização das relações trabalhistas – a negociação direta entre sindicato e empresa, por exemplo, já ocorre em países como o Japão.

E a tão proclamada produtividade dos chineses? Cada trabalhador chinês gera uma riqueza de quase US$ 9 mil por ano, ou seja, menos da metade da dos brasileiros. Só para lembrar, o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, com 203.429.733 pessoas em 2011, e a China é o primeiro, com 1.226.718.015 pessoas. Os chineses são menos produtivos do que o Brasil, mas a China tem 1 bilhão a mais de pessoas, o que, acredito, equilibra a produtividade.

O Fórum Econômico Mundial dividiu as economias globais em três tipos: economia baseada em fatores de produção, economia baseada em eficiência e economia baseada em capacidade de inovação. O primeiro grupo engloba países como Índia, Nigéria, Peru, Paraguai e tem produto interno bruto (PIB) per capita de até US$ 7 mil por ano. O segundo grupo, que inclui Brasil, México, Rússia e África do Sul, tem PIB entre US$ 7 mil e US$ 15 mil. Por último, estão os países de economia baseada em inovação: Estados Unidos, Canadá, França e Alemanha. Seus PIBs são superiores a US$ 30 mil. China e Coréia estão em transição entre a segunda e a terceira economia.

Culpa do Carnaval? Um estudo da consultoria em recursos humanos Mercer calculou que o Brasil tem um número de feriados semelhante a países como Canadá, França, Itália e Suécia, com onze cada.

“Nenhum homem realmente produtivo pensa como se estivesse escrevendo uma dissertação”, disse o físico alemão Albert Einstein.

Autor (a): Dr. Eduardo Arantes – Médico com especialização em Medicina do Trabalho pela Universidade São Francisco de São Paulo, Ergonomia pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e em Gestão de Saúde pela FGV. Autor dos livros: O Retorno Financeiro de Programas de Promoção da Segurança, Saúde e Qualidade de Vida nas Empresas, Ciências da Vida Humana e o recém-lançado Crônicas de Saúde, Ciência e Cotidiano. Atualmente é Diretor Técnico na Beecorp – Bem Estar Corporativo.

O Dr. Eduardo Arantes escreve mensalmente para o SaudeOcupacional.org, na “Coluna do Edu”.

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