30 jan 2015

OS MÉDICOS SE ACHAM DEUSES?

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Hoje ouvi (pela milésima vez!) a velha charadinha: “qual a diferença entre os médicos e os juízes? É que os médicos acham que são deuses, já os juízes tem certeza que são deuses”. Será mesmo que médicos e juízes se acham ou tem por certo que são deuses? Será?! Fato é que toda profissão tem pelo menos um qualificativo requerido para aqueles que nela se destacam. Exemplos: quanto mais arrojado for um piloto de Fórmula 1, mais sucesso ele tende a ter. Quanto mais habilidoso for um jogador de futebol, mais valorizado ele será. Quanto mais ágil for um entregador, mais proveito se terá dele. Quanto mais convincente for um vendedor, mais vendas ele tende a fazer. Quanto mais forte for um segurança, mais cotado ele será. E assim poderíamos citar milhares de exemplos.

Algumas profissões, no entanto, chamam a atenção. À elas não é dada a oportunidade do erro. Seus profissionais não podem vacilar, equivocar, errar. Um erro pode custar um imenso patrimônio, ou até uma vida. Começo citando como exemplo os juízes. Em suas sentenças, decisões que podem mudar o destino de uma imensidão de pessoas, de cidades e até de países. Acrescento aqui os médicos: um simples descuido numa cirurgia, por exemplo, pode ferir de morte aquele a quem se opera. Não pode haver erro!

Por outro lado, ninguém confiaria num juiz que dissesse abertamente: “todos os dias eu acerto, mas também cometo, sem querer, vários erros em minhas sentenças”. Ou num médico que assumisse: “embora sempre bem intencionado, já fiz vários diagnósticos e tratamentos errados ao longo de minha carreira”. Mas que juiz de longa estrada não diria sinceramente a primeira frase? E que médico experiente, de forma honesta, negaria a verdade contida na segunda frase? Nenhum, nenhum.

É, meus amigos…  errar é humano. Quem não erra? Deus. Além de Deus, “só não erra quem não faz”. Se é assim, o ciclo se fecha e a pergunta título desse texto poderia ser refeita, de forma intencionalmente provocativa, da seguinte maneira: os médicos e os juízes se acham deuses, ou são as pessoas que projetam neles a figura endeusada daqueles que nunca erram (ou que, pelo menos, jamais poderiam errar)?

Com a ressalva e ciência de que egos gigantes existem em toda e qualquer profissão, e de que arrogantes e megalomaníacos existem em todas as áreas, reflitamos sem paixão.

Marcos Henrique Mendanha

 

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